Q1204: Juiz ou Salvador?



A Quaresma é um tempo oportuno para purificar idéias
e atitudes de nossa vida cristã. Muitas vezes somos levados
a ter de Deus a imagem de um juiz severo e castigador...
Será essa a verdadeira imagem de Deus que devemos ter?

A Bíblia tem uma imagem bem diferente:
- Um Deus Criador e Amigo... que dialoga com Adão...
- Um Deus que faz uma Aliança de amizade com o seu povo...
- Um Deus-conosco ("Emanuel")... que caminha com o povo...
- Um Deus que liberta... e salva...
- Um Deus misericordioso, que perdoa...
- Um Deus Pai... sempre disposto a acolher o filho pródigo...
  O castigo é um remédio extremo para que se arrependa e volte à amizade.

A 1a leitura revela a Justiça e a Misericórdia de Deus
no tempo do exílio e da libertação.  (2Cr 36,14-16.19-23)

É um resumo da História da Salvação, em três momentos:
O Pecado do homem, o Castigo e o Perdão de Deus.
O Povo foi infiel à Aliança. Por isso, Jerusalém foi destruída e
sua elite foi deportada para a Babilônia.
Mas Deus não abandona o povo, apesar das infidelidades. 
O povo arrependido voltou seu coração para Deus e
Deus o conduziu de volta à sua terra.
Deus é mais misericórdia, do que justiça...
 
Na 2a Leitura Paulo afirma que Deus é rico em misericórdia  (Ef 2,4-10).

Por isso, à situação pecadora do homem, Deus responde com a sua graça.
O amor salvador e libertador de Deus é incondicional e atinge o homem,
mesmo quando ele continua a percorrer os caminhos de pecado e de morte.
Somos sempre filhos amados, a quem Deus oferece a vida plena, a salvação.

No Evangelho, Jesus se revela como Salvador e não Juiz  (Jo 3,14-23).

É a conclusão do diálogo de Jesus com NICODEMOS,
que nas  "trevas da noite", vem falar com Jesus à procura de "Luz".
No final, descreve o projeto de Salvação de Deus:
"Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu próprio filho e
este não veio para julgar o mundo, mas para salvá-lo".

No deserto, os hebreus olhavam para a serpente
levantada por Moisés como sinal de cura e libertação.
Faz lembrar a cruz onde foi levantado o Filho do homem.
Da Cruz de Jesus brota a vida e a saúde para toda a terra.
Ao olhar com fé para esse sinal, ficamos curados...
O  texto nos convida a contemplar uma História maravilhosa:
O Amor de Deus oferece ao homem vida plena e definitva.
Aos homens compete aceitar ou não o dom de Deus.
Jesus não veio condenar e excluir ninguém da salvação.
Ele é a luz divina enviada ao mundo para mostrar
o caminho da verdade e da vida que conduz a Deus.
As pessoas podem rejeitar Jesus e sua missão,
permanecendo nas trevas do egoísmo, rejeitando Jesus e sua missão;
ou então aceitar Jesus e seguir seu projeto,
deixando-se envolver pela luz da fé e da salvação.

João define o caminho para chegar à vida eterna:
CRER EM JESUS:
- Não é uma mera adesão intelectual a umas verdades
  mas acolher JESUS enviado pelo amor do Pai para salvar os homens.
- É escutar Jesus, acolher a sua mensagem e segui-lo nesse caminho.
- É deixar as trevas e caminhar para a Luz… É aceitar essa Luz...
  Isso supõe desfazer-se de muitos projetos pessoais.

E o julgamento final como fica?
Muitos imaginam um Deus severo,
que vai analisar tudo com rigor até os mínimos detalhes.
Seria então Ele um Pai, que ama os bons e os maus, como ensinou Jesus?

- Segundo São João, o julgamento não é pronunciado por Deus,
  mas pela escolha que cada um faz diante da Luz de Cristo.
 "Quem nele crê, não é condenado.
  Mas quem não crê, já está condenado...
  A Luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas."

Por isso, a decisão no julgamento:
- não é propriamente Deus que faz... somos nós que escolhemos...
- não é apenas no fim do mundo, mas é aqui e agora.
Cada instante da vida é tempo de salvação ou de condenação...

Salvam-se os que praticam a Verdade e se aproximam da "Luz".
Condenam-se os que praticam o mal e preferem as "trevas".
A salvação é um dom gratuito de Deus oferecido a todos...
Tudo depende da nossa aceitação ou não à proposta de Cristo.

Cristo quer ser o nosso Salvador, não o nosso Juiz...
Qual será a nossa escolha? Preferimos a Luz ou as Trevas?

                                   Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 18-03.2012

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