As mulheres devem ser submissas a seus maridos? O que diz a Igreja? (Blog O Catequista)

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Para os católicos de hoje, um dos trechos da Bíblia que mais geram dúvidas e controvérsias é aquele em que São Paulo diz, na Carta aos Efésios, que as esposas devem ser submissas a seus maridos. Como devemos entender esse texto atualmente? O que diz a Igreja?
Para esclarecer a questão, nos basearemos nos escritos oficiais de três papas: Leão XIIIPio XI e João Paulo II. E, antes de prosseguirmos, é preciso deixar claro que o termo “submissão” em Efésios não possui o sentido negativo ao qual o termo, atualmente, nos remete. Não tem nada a ver com obediência irrestrita, servidão, inferioridade, opressão, desrespeito, abuso ou qualquer coisa do tipo.
Vamos lá… Essa submissão da esposa ao marido é em sentido literal? Sim, o marido é o chefe da família, e não a esposa. Isso quer dizer que a esposa tem obrigação de obedecer a ele em absolutamente tudo? Não, não mesmo!
O marido tem a missão de ser um CHEFE-SERVIDOR, assim como Jesus, que veio para servir, e não para ser servido. Essa postura humilde em nada diminuía Sua autoridade e liderança. Assim, o marido deve tratar bem a sua esposa – que é carne de sua carne – e, se preciso for, se sacrificar e dar a vida por ela e pelos filhos. Obviamente, isso nada tem a ver com o perfil de um “patrão” da mulher.
Segundo Pio XI, a submissão da esposa não a obriga a satisfazer todas as vontades de seu marido, especialmente quando estas contrariam sua razão e sua dignidade; nem tampouco se trata de uma submissão comparável à dos filhos (que são menores de idade e não têm maturidade para tomar certas decisões) em relação aos pais.
Do que se trata, então, essa submissão? Simples: do reconhecimento de que o amor possui uma ordem. No céu, os anjos possuem uma hierarquia; na Terra, Jesus colocou Pedro à frente dos demais Apóstolos; na família, Deus colocou o homem como a cabeça, e a mulher como o coração. Homem e mulher são iguais em dignidade, mas diferentes em sua constituição biológica e psicológica e, portanto, exercem diferentes papéis na família.
Mas, atenção: se é verdade que a mulher deve reconhecer e respeitar a chefia do marido sobre a família, também é verdade que o homem deve exercer essa liderança com amor, respeito e espírito de serviço. Sem a CARIDADE CRISTÃ, o homem não é cabeça da família, é tirano. O marido deve ser para a família aquilo que Cristo é para a Igreja: chefe amoroso e humilde, mas também firme e viril.
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Por exemplo, o fato de que São Pedro era o chefe visível da Igreja não impediu São Paulo, que era subordinado a ele, de lhe acusar certa vez de hipocrisia (saiba mais aqui). Paulo de modo algum estava se insurgindo contra a autoridade máxima de Pedro, mas cumpriu a sua obrigação de realizar a correção fraterna. Da mesma forma, a esposa pode – e deve – contestar as atitudes e decisões de seu marido que julgar insensatas.
Portanto, como ensina João Paulo II, no fim das contas, tal submissão não é unilateral, mas sim bilateral, pois o marido também tem seus deveres sagrados em relação à mulher. Porque, tendo o dever de chefiar sua família dentro do princípio da caridade cristã, o homem é impedido de desrespeitá-la e de fazer da mulher um objeto de seus caprichos.
Certo… Mas e se o marido é bebum e vagabundo? Nesse caso, ele não tem condições mínimas de governar sua família, é óbvio, e quem deve chefiar é a esposa (esse é apenas um exemplo entre tantos outros em que o homem pode perder a sua capacidade de exercer o seu papel como “cabeça” da esposa). Por isso, Pio XI pontua:
“O âmbito e as modalidades de tal submissão da mulher ao marido podem variar de acordo com as diferentes condições de as pessoas, lugares e tempos. Além disso, se o marido está faltando seus deveres, as mulheres devem tomar o seu lugar na direção da família.”
Pio XI. Casti Connubii (tradução livre nossa)
Como Pio XI bem disse, a Igreja não delimita a “forma” como essa submissão da mulher ao marido deve se dar; isso varia conforme cada situação, cada tempo, cada cultura. Em algumas famílias contemporâneas, essa submissão se cumpre muito bem de modo sutil, com marido e mulher dialogando e buscando compartilhar as decisões, sempre que possível. Seja como for, a lei fundamental da estrutura familiar, estabelecida e confirmada por Deus, jamais deve ser esquecida: o marido é o chefe da família, assim como Cristo é o chefe da Igreja.
Lembremos que o Rei do Universo, feito Menino, aceitou ser submisso a José e Maria, pois é assim que deve ser um filho em relação a seus pais (“…e lhes era submisso” (Lc 2,51)). Mesmo sendo Deus, o Cristo não se rebelou contra essa lei da estrutura familiar. Porque nós mulheres deveríamos nos rebelar?
Para a nossa sensibilidade contemporânea, em que crescemos doutrinados pela ideia de que homem e mulher são iguais em tudo, esse ensinamento pode soar estranho. Também para os Apóstolos era difícil aceitar certas coisas que Jesus dizia, pois contrariava a sua cultura e seu modo de pensar. Porém, Cristo nos pergunta mais uma vez, Cristo nos pede: “Acreditai em Deus e acreditai também em Mim” (Jo 14,1). Acreditamos? Temos convicção ao dizer “Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica…”? Temos fé?
Tenham fé em Cristo e em Sua Igreja. Assim fizeram os santos!
FONTES DE EMBASAMENTO:
Carta Encíclica Arcanum Divinae Sapientiae, do Papa Leão XIII, 1880. Item 8
Carta Encíclica Casti Connubbi, do Papa Pio XI, 1930. Item 10.
Audiência Geral com o Papa João Paulo II, 11/08/1982
- Retirado do: http://ocatequista.com.br/#sthash.zipsKVXN.dpuf

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