Papa recorda ensinamentos de Paulo VI

Da Redação CN, com Rádio Vaticano

O Papa Bento XVI realiza neste domingo, 8, uma visita pastoral a Brescia e Concesio – norte da Itália – lugares que testemunharam o nascimento e a formação de Giovanni Battista Montini – Papa Paulo VI.

Na homilia da missa que presidiu nesta manhã Bento XVI meditou sobre o mistério da Igreja, prestando homenagem ao grande Papa Paulo VI que a ela consagrou a sua vida inteira. A Igreja - recordou – é um organismo espiritual concreto que prolonga no espaço e no tempo a oblação do Filho de Deus, um sacrifício aparentemente insignificante em relação as dimensões do mundo e da história, mas decisivo aos olhos de Deus. Como diz a Carta aos Hebreus, no texto deste domingo , a Deus bastou o sacrifício de Jesus, oferecido ‘uma só vez’ para salvar o mundo inteiro, porque naquela única oblação está condensado todo o Amor divino. Assim como no gesto do óbolo da viúva de que fala o Evangelho deste Domingo está concentrado o amor daquela mulher a Deus e aos irmãos. A Igreja, que incessantemente nasce da Eucaristia – salientou Bento XVI – é a continuação deste dom, desta super abundância que se exprime na pobreza do tudo que se oferece no fragmento do pão consagrado. É o Corpo de Cristo que se dá inteiramente.

Em sua homilia o Papa destacou ainda a visão de uma igreja pobre e livre que recorda a figura evangélica da viúva.

“É assim que deve ser a Comunidade eclesial para conseguir falar à humanidade contemporânea. O encontro e o diálogo da Igreja com a humanidade do nosso tempo estavam particularmente a cargo de João Batista Montini em todas as fases da sua vida, desde os primeiros anos de sacerdócio até ao Pontificado. Ele dedicou todas as sua energias ao serviço da Igreja, de maneira que encontrando-a , o homem contemporâneo possa encontrá-lo, porque d’Ele tem absoluta necessidade.

Paulo VI – recordou – quis expor programaticamente alguns dos pontos salientes na sua primeira Encíclica Ecclesiam Suam, de 6 de agosto de 1964 quando ainda não tinham sido publicadas as Constituições conciliares Lúmen gentium e Gaudium et spes.

Com aquela Encíclica o Pontífice se propunha explicar a todos a importância da Igreja para a salvação da humanidade, e ao mesmo tempo, a exigência que entre a Comunidade eclesial e a sociedade se estabeleça uma relação de conhecimento e amor recíproco . “Consciência, renovação, diálogo: estas foram as três palavras escolhidas por Paulo VI para exprimir os seus pensamentos dominantes – como ele os definiu – no inicio do seu ministério petrino e as três palavras referem-se á Igreja. Em primeiro lugar a exigência da consciência de si mesma: origem, natureza, missão, destino final; em segundo lugar, a sua necessidade de se renovar e purificar olhando para o modelo que é Cristo; finalmente o problema das suas relações com o mundo moderno.

Dirigindo-se especialmente aos bispos, o papa lembrou que “A reflexão do Papa Montini sobre a Igreja é hoje mais do que nunca atual; e mais ainda é precioso o exemplo do seu amor por ela, inseparável do amor por Cristo. O mistério da Igreja – lê-se na Encíclica Ecclesiam suam - não é simples objeto de conhecimento teológico, deve ser fato vivido, em que a alma fiel, antes de ser capaz de definir a Igreja com exatidão, a pode apreender numa experiência conatural.
Isto pressupõe uma vida interior robusta que é “a grande fonte da espiritualidade da Igreja, condiciona-lhe a receptividade às irradiações do Espírito de Cristo, é expressão fundamental e insubstituível da sua atividade religiosa e social, e é ainda para ela defesa inviolável e renascente energia no seu difícil contato com o mundo profano”.

Prosseguindo a sua homilia, Bento XVI dirigiu-se depois ao laicato católico sublinhando que as migrações, a crise econômica e a educação dos jovens constituem os desafios de hoje.

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