"Sacramentos são o grande tesouro da Igreja", afirma o Papa

Leonardo Meira
Da Redação CN

"Os sacramentos são o grande tesouro da Igreja e cada um de nós tem a tarefa de celebrá-lo com frutos espirituais. Neles, um evento sempre surpreendente toca nossa vida: Cristo, através dos sinais visíveis, que vêm ao nosso encontro, nos purifica, nos transforma e nos torna participantes de sua amizade divina", exortou Bento XVI durante a última Catequese do ano, nesta quarta-feira, 30.

O Papa centrou suas reflexões no teólogo Pedro Lombardo, que viveu no século XII e ganhou fama graças aos quatro livros de Sentenças, obra adotada como um manual de Teologia durante muitos séculos.

"A apresentação orgânica da fé é uma exigência irrenunciável. De fato, as verdades singulares da fé iluminam os outros e, em sua visão total e unitária, amparam a harmonia do plano de salvação de Deus e a centralidade do mistério de Cristo", disse Bento XVI, com base no exemplo de Lombardo.

O Pontífice fez um apelo a quem é responsável por ensinar os fiéis católicos. "Convido todos os teólogos e padres a manter sempre presente a visão integral do conjunto da doutrina cristã contra os riscos modernos de fragmentação e desvalorização daquelas verdades singulares".

Na luta contra esses riscos, Bento XVI destaca que o Catecismo da Igreja Católica e o Compêndio do mesmo Catecismo são aliados positivos.

"Se apresentam como um panorama muito completo da Revelação cristã, e devem ser acolhidos com fé e gratidão. Gostaria, portanto, de encorajar também os fiéis e comunidades cristãs a fazer uso dessas ferramenta para conhecer e aprofundar o conteúdo de nossa fé. Isso se tornará semelhante a uma maravilhosa sinfonia, em que se fala de Deus e de seu amor e se convida a nossa firma adesão e ativa resposta", disse.

Atual ainda hoje

Para explicar o interesse que ainda hoje pode suscitar a obra de Pedro Lombardo, Bento XVI salientou dois exemplos de seu trabalho.

O primeiro é sobre o comentário de Lombardo acerca do porquê de a mulher ter sido criada da costela de Adão, e não de sua cabeça ou pés. "Não foi formada como uma dominadora ou uma escrava do homem, mas sua companheira" (Sentenças 3, 18, 3), explica o teólogo da Idade Média. É nessa reflexão que se enraiza o ensinamento que faz analogia da relação esponsal entre Cristo e a Igreja.

Já o segundo exemplo destacado pelo Papa é com relação às virtudes de Cristo e uma pergunta lançada por Pedro Lombardo. "Por qual razão, então, [Cristo] quis sofrer e morrer, se suas virtudes já eram suficientes para obter todo o mérito?".

O Papa explica: "Sua resposta é incisiva e eficaz: 'Por ti, não para si mesmo!'. Ele continua com outra pergunta e outra resposta, que parecem reproduzir as discussões que tiveram lugar durante as aulas dos mestres de teologia da Idade Média: 'E, nesse sentido, ele sofreu e morreu por mim? Sua paixão e sua morte foram para ti exemplo e causa. Exemplo de virtude e humildade, causa de glória e libertação; exemplo dado por Deus obediente até à morte, por causa de tua liberdade e felicidade' (Sentenças 3, 18, 5)".

Sacramentos

A contribuição mais importante de Lombardo à Teologia, segundo o Papa, é sua definição sobre o que são os sacramentos. O Papa destaca e explica esse ensinamento:

"'O sacramento, em sentido estrito, é um sinal da graça de Deus e forma visível da graça invisível, de tal modo que leva à imagem e essência da causa' (4, 1, 4). Com esta definição, Pedro Lombardo capta a essência dos sacramentos: são a causa da graça e tem a capacidade de comunicar realmente a vida divina".

Por ocasião da celebração do Ano Ano Sacerdotal, Bento XVI exortou os sacerdotes a terem uma intensa vida sacramental. "A celebração dos sacramentos seja marcada pela dignidade e decoro, favoreça o recolhimento pessoal e a participação da comunidade, no sentido da presença de Deus e o ardor missionário".

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