Corrupção e egoísmos são obstáculos para a paz, diz Papa

Leonardo Meira
Da Redação CN


Bento XVI destacou os obstáculos e os caminhos para se chegar à paz durante encontro com os bispos da Conferência Episcopal do Sudão, recebidos na manhã deste sábado, 13, por ocasião da visita ad Limina Apostolorum.

.: NA ÍNTEGRA: Discurso de Bento XVI aos Bispos do Sudão

"Se a paz é plantar raízes profundas, esforços concretos devem ser feitos para diminuir os fatores que contribuem à instabilidade, particularmente a corrupção, tensões étnicas, indiferenças e egoísmos", disse.

O Pontífice acrescentou que essas iniciativas devem ser baseadas na justiça e na caridade. Além disso, destacou que tratados e acordos não são o bastante: "[Embora] indispensávéis blocos de construção no processo de paz, somente darão fruto se forem inspirados e acompanhados pelo exercício da madura e moralmente correta liderança".

O Papa ressaltou que a paz deve ser pedida a Deus. "Os efeitos da violência podem levar muitos anos para sarar; já a mudança de coração, que é condição indispensável para uma paz justa e duradoura, deve ser implorada desde já como um dom da graça de Deus".


Autoridade e diálogo

Bento XVI destacou a singularidade do papel dos bispos, que devem fomentar uma ativa vida na Igreja, incentivando-os a alavancar a educação católica como meio de "preparar pessoas leigas em particular para dar testemunho convincente de Cristo em todos os aspectos da família, vida social e política".

Após destacar o lugar da pregação e da atividade pastoral, o Santo Padre explicou como viver a autoridade. "O exercício daquela autoridade nunca deve ser visto como algo de impessoal e burocrático, precisamente porque se trata duma autoridade que nasce do testemunho".

A seguir, enfatizou que os bispos devem ser os "primeiros professores e testemunhas" da comunhão na fé e no amor de Cristo.

O Papa elogiou os esforços dos bispos sudaneses em manter boas relações com os mulçumanos, incentivando a, além das inciativas concretas, "sublinhar os valores que os cristãos têm em comum com os muçulmanos como base para aquele 'diálogo da vida', que é um primeiro passo essencial rumo ao verdadeiro respeito e compreensão inter-religiosa".


Igreja na África

A Igreja na África é uma das que apresenta o maior crescimento no globo, conforme atesta o Anuário Pontifício 2010.

Naquele continente, o número de bispos apresentou crescimento de 1,83%, o de religiosos professos teve incremento de 21,2% e os candidatos ao seminário aumentaram em 3,6%. Uma boa parte dos países apresenta um histórico de guerras, baseadas especialmente em conflitos étnicos. Nesse contexto, o Papa fez uma afirmação alentadora aos bispos do Sudão:

"Vossa fidelidade ao Senhor e os frutos do vosso trabalho em meio a dificuldades e sofrimentos são testemunho eloquente do poder da Cruz, que brilha em meio a nossas limitações e fraquezas humanas".

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