Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. João 6, 68
Terça-feira, dia 16 de Março de 2010
Terça-feira da 4ª semana da Quaresma
Hoje a Igreja celebra : Santa Margarida de Cortona, religiosa, penitente, +1297, Santo Abraão, eremita, séc. V, Santa Eusébia, abadessa, +680
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Jean Tauler : «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda»
Livro de Ezequiel 47,1-9.12.
Conduziu-me para a entrada do templo, e eis que saía água da sua parte subterrânea, em direcção ao oriente, porque o templo estava voltado para oriente. A água brotava da parte de baixo do lado direito do templo, a sul do altar. Fez-me sair pelo pórtico setentrional e contornar o templo por fora, até ao pórtico exterior oriental; vi rebentar a água do lado direito. O homem avançou para oriente com o cordel que tinha na mão, e mediu mil côvados; depois fez-me atravessar a água; ela chegava-me até aos tornozelos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; ela chegava-me aos joelhos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; chegava-me aos quadris. Mediu ainda mil côvados; era uma torrente que eu não conseguia atravessar, porque a água era tão profunda que era necessário nadar. Efectivamente, era uma torrente que não se podia atravessar. E Ele disse-me: "Viste, filho de homem?" E levou-me até à beira da torrente. Quando aí cheguei, eis que havia à beira da torrente grande quantidade de árvores, em cada uma das margens. Ele disse-me: "Esta água corre para o território oriental, desce para a Arabá e dirige-se para o mar; quando chegar ao mar, as suas águas tornar-se-ão salubres. Por onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move viverá. O peixe será muito abundante, porque aonde quer que esta água chegar, tornar-se-á salubre; e a vida desenvolver-se-á por toda a parte aonde ela chegar. Ao longo da torrente, nas suas margens, crescerá toda a sorte de árvores frutíferas, cuja folhagem não murchará e cujos frutos nunca cessam: produzirão todos os meses frutos novos, porque esta água vem do Santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas, de remédio."
Evangelho segundo S. João 5,1-16.
Depois disto, havia uma festa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há uma piscina, em hebraico chamada Betzatá. Tem cinco pórticos, e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos. Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos. Jesus, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, disse-lhe:«Queres ficar são?» Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu vou, algum outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda.» E, no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e começou a andar. Ora, aquele dia era de sábado. Por isso os judeus diziam ao que tinha sido curado: «É sábado e não te é permitido transportar a enxerga.» Ele respondeu-lhes: «Quem me curou é que me disse: 'Toma a tua enxerga e anda'.» Perguntaram-lhe, então: «Quem é esse homem que te disse: 'Toma a tua enxerga e anda'?» Mas o que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus se tinha afastado da multidão ali reunida. Mais tarde, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Vê lá: ficaste curado. Não peques mais, para que não te suceda coisa ainda pior.» O homem foi-se embora e comunicou aos judeus que fora Jesus quem o tinha curado. E foi por isto, por Jesus realizar tais coisas em dia de sábado, que os judeus começaram a persegui-lo.
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão 8 (a partir da trad. de Cerf 1991, p. 63)
Nosso Senhor foi à piscina de Betzatá; encontrou um homem doente há trinta e oito anos, e disse-lhe: «Queres ser curado?» [...] Meus filhos, reparai bem que este doente permaneceu ali longos anos. Este doente estava destinado a servir a glória de Deus, e não a morte (Jo 11, 4). Oh, se quiséssemos esforçar-nos por compreender, em espírito de verdadeira paciência, o ensinamento profundo contido no facto de o doente ter esperado trinta e oito anos que Deus o curasse e ordenasse que se fosse embora!
Isto destina-se às pessoas que, mal começando uma vida ligeiramente diferente e não vendo produzir-se de imediato as grandes coisas esperadas, crêem estar tudo perdido e se queixam de Deus como se Ele as tratasse injustamente. São poucos os homens que possuem esta nobre virtude de se abandonarem e se resignarem, que se aceitam como são e suportam a própria enfermidade, os próprios obstáculos e as próprias tentações, até que o próprio Senhor os cure. [...] Que poder e que autoridade são dados a este homem! Na verdade, é a ele que é dito: «Levanta-te, não podes continuar deitado, deves sair triunfante do cativeiro, ser salvo e andar em total liberdade; levarás a tua cama, ou seja, aquilo que antes te levava a ti, e deves erguê-la e levá-la agora com autoridade e força.» Aquele que o próprio Senhor libertar será bem libertado, andará cheio de alegria e, após esta longa espera, obterá uma liberdade maravilhosa, de que são privados todos os que julgam que se libertam a si mesmos quebrando os seus laços antes do tempo.
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