Quem renuncia tudo para seguir Jesus encontra a liberdade, diz Papa

Da Redação CN, com Rádio Vaticano

 “Liberdade e amor coincidem. Ao contrário, obedecer ao próprio egoísmo conduz a rivalidades e conflitos”. Foi o que recordou o Papa Bento XVI na manhã deste domingo, 27, no breve discurso proferido antes da recitação da oração mariana do Ângelus, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

O Santo Padre recordou o episódio narrado pelo evangelista Lucas no qual apresenta Jesus que, enquanto caminha pela estrada em direção a Jerusalém, encontra alguns homens, provavelmente jovens, os quais prometem segui-lo onde for. Com eles Jesus se demonstra muito exigente, advertindo-os que “o Filho do homem – isto é Ele, o Messias – não tem onde repousar a cabeça”, ou seja não tem um casa sua estável, e quem escolhe trabalhar com Ele no campo de Deus não pode mais voltar atrás. A um outro ao invés Cristo mesmo diz: Segue-me, pedindo-lhe uma interrupção radical com o passado inclusive com os familiares.

“Essas exigências podem parecer duras demais, - disse o Papa - mas na realidade exprimem a novidade e a prioridade absoluta do Reino de Deus que se faz presente na Pessoa mesma de Jesus Cristo. Em última análise, trata-se daquela radicalidade que é devido ao Amor de Deus, ao qual Jesus mesmo por primeiro obedece. Quem renuncia a tudo, até mesmo a si mesmo, para seguir Jesus, entra em uma nova dimensão da liberdade, que São Paulo define “caminhar segundo o Espírito” (cf. Gal 5,16).

Cristo – continuou o Santo Padre – nos libertou para a liberdade e explica que essa nova forma de liberdade adquirida por Cristo consiste no estar “a serviço uns dos outros” (Gal 5,1.13). Liberdade e amor coincidem! Ao contrário, obedecer ao próprio egoísmo conduz a rivalidades e conflitos.

O chamado feito no Evangelho prefigura a vocação religiosa e sacerdotal que requer uma total adesão e de fato, com os jovens que encontra, Jesus – recordou o Papa – “se mostra muito exigente. Quem tem a sorte de conhecer um jovem ou uma jovem que deixa a família de origem, os estudos ou o trabalho para consagrar-se a Deus, - destacou o Pontífice - sabe muito bem do que se trata, porque tem diante de si um exemplo vivente de resposta radical à vocação divina.

“É essa uma das experiências mais bonitas que fazem na Igreja: ver, tocar com a mão a ação do Senhor na vida das pessoas; experimentar que Deus não é uma entidade abstrata, mas uma realidade tão grande e forte que enche de modo superabundante o coração do homem, uma Pessoa vivente e próxima, que nos ama e pede para ser amada.”

Recordando enfim que se conclui o mês de junho, “caracterizado pela devoção ao Sagrado Coração de Jesus”, o Papa lembrou o encerramento do Ano Sacerdotal na Praça São Pedro durante o qual ele mesmo renovou “com os sacerdotes do mundo inteiro o compromisso de santificação”. “Hoje – concluiu – gostaria de convidar todos a contemplar o mistério do Coração divino-humano do Senhor Jesus, para provar da fonte mesma do Amor de Deus. Quem fixa o olhar no Coração traspassado e sempre aberto por amor nosso, sente a verdade desta invocação: “Tu és, Senhor, o meu único bem”.

Em seguida o Papa rezou a oração mariana do Angelus e concedeu a todos a sua Benção Apostólica.

Antes de se despedir dos fiéis, Bento XVI saudou em várias línguas os diversos grupos de peregrinos presentes na Praça São Pedro. O Papa recordou que hoje na Itália e em outros países realiza-se o Dia da Caridade do Papa, nas paróquias se recolhem as ofertas destinadas ao “Óbolo de São Pedro”, com as quais o Santo Padre ajuda as igrejas mais pobres no mundo.

“Exprimo, – disse o Pontífice - a minha viva gratidão a todos aqueles que, com a oração e as ofertas apóiam a ação apostólica e caritativa do Sucessor de Pedro e em favor da Igreja presente no mundo inteiro e de tantos irmãos próximos e distantes”.

Bento XVI recordou ainda que na manhã de hoje, no Líbano foi proclamado bem-aventurado Estephan Nehme', religioso da Ordem Libanesa Maronita, que viveu no Líbano entre ao fim de Oitocentos e a primeira metade de Novecentos.

O Papa desejou ainda, na iminência das férias européias, que as mesmas sejam ocasião para encontros “com a natureza, com novas pessoas, com os frutos da criatividade humana” e de “reforço da fé”.

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