Papa preside funções litúrgicas da Paixão de Cristo

Gracielle Reis
Da Redação CN

Nesta Sexta-Feira Santa, 22, o Papa Bento XVI presidiu as funções litúrgicas da Paixão de Cristo, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A homilia, como em todos os anos, foi confiada ao pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, OFM Cap.

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.: NA ÍNTEGRA: Homilia de 
frei Raniero Cantalamessa na Sexta-Feira Santa
Em seu discurso, Raniero destacou que a morte de Cristo não testemunha apenas a verdade, mas o Seu amor pela humanidade. O pregador explicou ainda que este amor se revela na cruz e que esta não é um juízo de Deus sobre o mundo ou simplesmente uma denúncia do pecado, mas é um "sim" de Deus ao homem: "Não, não é um 'não' de Deus ao mundo, mas o seu 'sim' de amor".
"Não pode ser assim tão envenenado o sofrimento humano, não pode ser apenas negatividade, perda, absurdo, se o próprio Deus escolheu prová-lo". Foi assim que o pregador da Casa Pontifícia ressaltou que o próprio Cristo se fez pecado pela humanidade para provar a esta que "no fundo do cálice deve haver uma pérola", ou seja, a Ressurreição.
Ele enfatiza que, a partir da fé na Ressurreição de Jesus, não se pode pensar que a vida acaba aqui e não teria um sentido maior depois da morte. Caso contrário - ressalta o frei capuchinho -, seria "desesperador" pensar nas bilhões de pessoas que morrem ou sofrem com as situações de injustiça social e pobreza. "A morte não só elimina as diferenças, mas as derruba", acrescenta, ao indicar que, após a morte, não haverá distinção social, religiosa e política.
Ao citar as palavras do Papa João Paulo II - "Sofrer significa tornar-se particularmente receptivo, particularmente aberto à ação das forças salvíficas de Deus, oferecidas em Cristo à humanidade" -, Cantalamessa esclarece que o sofrimento dos inocentes é unido à cruz de Cristo de modo misterioso, conhecido aó a Deus.

Temas atuais na pregação
Além das meditações acerca do sofrimento e da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, Raniero Cantalamessa tratou de temas muito atuais, como os terremotos que atingiram o Japão, ameaças aos cristãos em país asiático,sucesso do filme francês "Homens e Deuses" e oassassinato do ministro pasquistanês católico, Shahbaz Bhatti, no último dia 2 de março.

Ao mencionar tais assuntos, o pregador pretendeu enfatizar os testemunhos de fé, mesmo entre aqueles que não são cristãos. Ele ressalta que as catástrofes naturais e perseguições religiosas não são um castigo de Deus, pois seria ofender a Deus e os homens, contudo constituem um alerta: "A advertência de não se iludir que bastam a ciência e a técnica para se salvar. Se não formos capazes de estabelecer limites, podemos nos tornar (...) a ameaça mais grave de todas".
E sobre a situação no Japão, Cantalamessa deixou uma mensagem de esperança: "Podemos dizer a esses nossos irmãos em humanidade que estamos admirados por sua dignidade e exemplo de postura e ajuda mútua que deram ao mundo. A globalização tem ao menos este efeito positivo: a dor de um povo se torna a dor de todos, suscita a solidariedade de todos. Dá-nos a chance de descobrir que somos uma família humana, ligada no bem e no mal. Ajuda-nos a superar as barreiras de raça, cor e religião".

Por fim, o pregador pontifício recordou que houve um terremoto no momento da morte de Cristo e um outro maior ainda em Sua Ressurreição, que deu a garantia da vida nova: "Assim será sempre. A cada terremoto de morte sucederá um terremoto de ressurreição de vida".

Assista íntegra da homilia do frei Raniero Cantalamessa

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