Com o tema ‘Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital’, celebra-se domingo, 5 de junho, o 45.º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Essa celebração é uma iniciativa da Igreja decidida pelo Concílio Vaticano II (Decreto “Inter Mirifica”, de 1963) e ocorre na maioria dos países no domingo que antecede a solenidade de Pentecostes.
A data não é escolhida sem motivo. Pentecostes é a manifestação da Igreja ao mundo, é a comunicação da salvação de Jesus Cristo a todos os povos reunidos em Jerusalém. Para a Igreja, é o fenômeno oposto ao que aconteceu na Torre de Babel, a falta de comunicação. Desde Paulo VI, a Igreja tem valorizado e incentivado a evangelização pelos meios de comunicação para que a ordem de Jesus Cristo de levar o Evangelho a todos os povos possa acontecer de maneira mais rápida.
De modo especial a informática possibilitou isso pela internet. As distâncias desapareceram para a comunicação e todos podem ser atingidos pelo ensino de Cristo. Sobretudo os jovens são chamados a dar o seu testemunho de fé a outros jovens neste “continente digital”, pois eles conhecem os seus medos e as suas esperanças, os seus entusiasmos e as suas desilusões. O anúncio de Cristo no mundo das novas tecnologias supõe um conhecimento profundo das mesmas para se chegar a uma conveniente utilização. E os jovens as dominam.
As novas tecnologias abriram as portas para o diálogo entre pessoas de diferentes países, culturas e religiões. É uma nova “arena digital”, o chamado “cyberspace”. Permite conhecer os valores e as tradições alheias. Mas, esses encontros, para serem fecundos, requerem formas honestas e corretas de expressão e uma escuta atenciosa e respeitadora.
É preciso não se deixar enganar por aqueles que apenas procuram consumidores de seus produtos, subvertendo os valores e a própria verdade. Há também o perigo do isolamento de cada um. Alguém já disse que “a internet aproxima os que estão longe, mas distancia os que estão perto”. Embora ela fomente belas amizades à distância, pode também nos separar dos parentes, vizinhos e colegas. A conexão virtual também não pode se tornar obsessiva, isolando a pessoa e cortando a sua interação social real. Isto pode perturbar o repouso, o silêncio e a reflexão necessárias para o bom desenvolvimento humano.
Cada pessoa pode hoje colocar a sua mensagem na rede mundial da internet e é muito difícil haver censura. Isto gera um sério problema para todos: a comunicação pode ser fraudulenta, a mentira pode se propagar, os boatos podem acontecer. Estamos diante de uma “faca de dois gumes”. Estamos diante de uma nova revolução tecnológica que muda a face da terra. E hoje todo esse sistema, como disse Bento XVI, é “parte integrante da vida humana”. O mundo hoje está diante de nossos olhos, é algo fantástico e assustador, que exige dos pais e educadores muita atenção na orientação das crianças e dos jovens.
Bento XVI pede que os sacerdotes e leigos evangelizem pela internet, com “criatividade e consciência”, que se atenham à verdade do Evangelho e à doutrina ensinada pelo Magistério da Igreja. Nenhum católico pode ensinar o que a Igreja não ensina. É preciso investir na formação das pessoas para que tenham capacidade crítica perante a mídia e possam contribuir e transmitir nela uma imagem autêntica da Igreja e não um massacre da mesma.
Os meios de comunicação mostram hoje algo que muito preocupa Bento XVI: a ditadura do relativismo, a intolerância para com os cristãos e o cancelamento do direito à liberdade religiosa em muitos países e até no Ocidente cristão. Sabemos que no século XX o homem tomou as rédeas da História das mãos de Deus, e esta experiência trouxe muito sofrimento no século passado. A internet pode ajudar a reverter isso.
É preciso usar as tecnologias para novas relações, em que se promova uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade. E as vantagens que elas oferecem precisam ser postas ao serviço de todos os seres humanos e de todas as comunidades, sobretudo de quem está mais necessitado e vulnerável.
Prof. Felipe Aquino
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