Perguntas sobre o divórcio.


Dom Fernando Figueiredo

Os fariseus perguntam a Jesus: “É lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo que seja?” Conheciam as determinações do Deuteronômio e a discussão existente entre os rabinos a respeito do motivo que tornava legítimo o repúdio da própria mulher. A expressão do Dt 24,1 era pouco precisa. Alguns a interpretavam em sentido mais estrito, restringindo-a a uma conduta desonrante, escola de Shammai. Ou em sentido mais amplo, escola de Hillel, segundo a qual se podia repudiar por não importa qual motivo. A pergunta dos fariseus teria, portanto, a intenção de colocar Jesus à prova.

Compreendendo o que estava no coração de seus ouvintes, o Senhor busca situá-los no interior do desígnio do Pai. Sem negá-la, é necessário superar a lei e não se deixar limitar por ela. O Senhor visa introduzir todos no pensamento inicial do amor de Deus ao criar o universo. Daí suas primeiras palavras: “Não lestes que desde o princípio o Criador os fez homem e mulher?” Ele se refere diretamente à criação de Adão.

Mais ainda. Como no prólogo do Evangelho de s. João, reporta-se ao “princípio” absoluto, eterno, ou seja, à nossa eleição em Deus. Assim, antes da fundação do mundo, todos são convocados a ser, à imagem da Trindade, “homens e mulheres” santos e imaculados diante de Deus, na caridade.

 “Por isso”, conclui Jesus, mostrando que a Vontade do Pai está inscrita no mais profundo de nossa natureza, de nossa constituição morfológica. Ela permanece indelével em nós, através dos tempos e das civilizações, não menos que a natureza humana saída das mãos de Deus.

“O que Deus uniu, o homem não separe”. Torna-se, assim, ilegítima toda lei autorizando o divórcio, do mesmo modo que nenhum poder humano tem o direito de atentar contra a liberdade dada e respeitada por Deus, nem dispor, pela eutanásia ou pelo aborto voluntário, da vida, dom precioso de Deus. A vida não é propriedade nossa. Ela pertence a Deus. E ele concede sua graça e seu poder aos que buscam seguir o caminho da santidade segundo seu estado de vida. S. João Crisóstomo considera que “as palavras de Deus sobre a união entre o homem e a mulher demonstram que essa não deve jamais ser infringida”.

À luz destes princípios, desde cedo, o matrimônio vai se realizar na Igreja diante do seu ministro: “In facie ecclesiae”, correspondendo ao testemunho dado por s. Inácio de Antioquia , em sua carta a S. Policarpo: “Convém que os homens e as mulheres que se casam, contratem sua união com o parecer do bispo, a fim de que seu matrimônio seja feito segundo o Senhor”.

Senhor Jesus, vosso chamado à santidade atinge todos os estados de vida. Santificai nossa vida. Hoje pedimos especialmente pelos casados, para que sejam fiéis, castos e santos.

Fonte: http://portalcatolico.org.br/main.asp?View={7797EF70-4E51-4C91-81A5-7E70856E8756}&Team=&params=itemID={F01919B8-8D33-417C-9652-B36A6BB569C5}%3B&UIPartUID={2C3D990E-0856-4F0C-AFA8-9B4E9C30CA74}

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