No dia 27 de outubro, o Papa Bento XVI se reuniu em Assis, na Itália com cristãos de outras denominações e líderes de grandes tradições religiosas para rezar pela paz. Em janeiro desse ano, no seu discurso para o Dia Mundial da Paz, o Papa anunciou que participaria desse encontro e afirmou que as religiões têm a capacidade de ser fator importante de unidade e concórdia para toda humanidade.
Existe uma série de motivos para se dar atenção a essa reunião. O primeiro ponto significativo é o imagético. Em geral, quando se pensa em expressões religiosas diferentes ocupando um mesmo espaço, vem à tona a figura do conflito, não apenas no campo das ideias, mas por vezes o de violência extrema. Vendo representantes de diferentes manifestações religiosas juntos com um mesmo objetivo, torna-se possível visualizar a paz que essas denominações e tradições religiosas propõem.
Outro ponto de importância é de cunho antropológico, pois a proposta é de diálogo entre essas religiões. Se não há conversa com o outro acontece um fechamento que pode gerar medos e preconceitos. Mas num verdadeiro diálogo há uma predisposição de abertura ao próximo, acolhendo-o e respeitando a sua especificidade. E essa relação com o diferente proporciona, ao mesmo tempo, autoconhecimento. Justamente porque esse convívio religioso não significa perda de identidade, mas deixar-se conhecer, as características próprias são melhor entendidas e assim reforçadas.
Sendo assim, numa convivência, especialmente a religiosa, é tão importante a tolerância. É preciso conhecer o outro, identificar suas fronteiras e, dessa maneira, tolerar os limites. Com essa atitude, não se trata apenas de ser condescendente com algo que não se pode impedir, mas, sobretudo, de uma boa disposição em ouvir e refletir sobre opiniões diferentes – e a partir daí crescer num convívio que visa ao bem comum.
Assim, partimos para a importância sociológica desse diálogo inter-religioso. Conversar com outras religiões e denominações é dialogar com outras culturas, com outras sociedades. É perceber que o outro também possui riquezas e que, por isso, essas diferenças não são ameaças, mas valores que ampliam a visão de mundo para ambos os lados. Por isso, as religiões têm condições de oferecer à sociedade humana seus valores, promovendo a solidadriedade e a paz.
Alguns dos conflitos mundiais têm motivação religiosa e conflitos cotidianos, em lugares em que supostamente se vive a liberdade religiosa, também (como o preconceito, por exemplo). Esses líderes juntos e se dispondo dialogar, numa tentativa de perceber, superar e aprender com as diferenças e, sobretudo, em busca de propostas para a paz entre os homens – eis um grande exemplo para que o mundo todo se conscientize de que, independentemente da opção religiosa, somos todos irmãos!
Denis Duarte
Especialista em Bíblia, Cientista da Religião e professor de Antropologia da Religião na Faculdade Canção Nova
Existe uma série de motivos para se dar atenção a essa reunião. O primeiro ponto significativo é o imagético. Em geral, quando se pensa em expressões religiosas diferentes ocupando um mesmo espaço, vem à tona a figura do conflito, não apenas no campo das ideias, mas por vezes o de violência extrema. Vendo representantes de diferentes manifestações religiosas juntos com um mesmo objetivo, torna-se possível visualizar a paz que essas denominações e tradições religiosas propõem.
Outro ponto de importância é de cunho antropológico, pois a proposta é de diálogo entre essas religiões. Se não há conversa com o outro acontece um fechamento que pode gerar medos e preconceitos. Mas num verdadeiro diálogo há uma predisposição de abertura ao próximo, acolhendo-o e respeitando a sua especificidade. E essa relação com o diferente proporciona, ao mesmo tempo, autoconhecimento. Justamente porque esse convívio religioso não significa perda de identidade, mas deixar-se conhecer, as características próprias são melhor entendidas e assim reforçadas.
Sendo assim, numa convivência, especialmente a religiosa, é tão importante a tolerância. É preciso conhecer o outro, identificar suas fronteiras e, dessa maneira, tolerar os limites. Com essa atitude, não se trata apenas de ser condescendente com algo que não se pode impedir, mas, sobretudo, de uma boa disposição em ouvir e refletir sobre opiniões diferentes – e a partir daí crescer num convívio que visa ao bem comum.
Assim, partimos para a importância sociológica desse diálogo inter-religioso. Conversar com outras religiões e denominações é dialogar com outras culturas, com outras sociedades. É perceber que o outro também possui riquezas e que, por isso, essas diferenças não são ameaças, mas valores que ampliam a visão de mundo para ambos os lados. Por isso, as religiões têm condições de oferecer à sociedade humana seus valores, promovendo a solidadriedade e a paz.
Alguns dos conflitos mundiais têm motivação religiosa e conflitos cotidianos, em lugares em que supostamente se vive a liberdade religiosa, também (como o preconceito, por exemplo). Esses líderes juntos e se dispondo dialogar, numa tentativa de perceber, superar e aprender com as diferenças e, sobretudo, em busca de propostas para a paz entre os homens – eis um grande exemplo para que o mundo todo se conscientize de que, independentemente da opção religiosa, somos todos irmãos!
Denis Duarte
Especialista em Bíblia, Cientista da Religião e professor de Antropologia da Religião na Faculdade Canção Nova
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