Por que a política deve interessar os cristãos?

Jéssica Marçal
Da Redação CN

Arquivo
Para padre José Ernanne, os leigos cristãos podem e devem ser candidatos na política, assumindo sua missão de transformação da sociedade
Promessas e mais promessas. Isso é o que marca o período eleitoral, em que a população se prepara para escolher, como será nas próximas eleições do dia 7 de outubro, por exemplo, seus representantes municipais. Com uma tarefa importante nas mãos, nada melhor do que os cristãos se interarem também dos assuntos políticos, buscando formação e informação para um voto consciente.

E para quem pensa que o papel do leigo católico é passivo, restringindo-se a fazer uma escolha entre as opções oferecidas, padre José Ernanne Pinheiro diz o contrário. Ele é diretor executivo do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP) e destacou a possibilidade dos leigos serem também candidatos, assumindo sua missão de transformação da sociedade.

“Não só podem (ser candidato), mas devem. No nosso Centro de Fé e Política, na nossa 4ª turma agora nós temos vários candidatos a vereador e a prefeito, porque nós estamos exatamente formando cristãos para assumir uma política com critérios éticos”, disse.

Ele informou que o CEFEP preparou uma cartilha, intitulada "Eleições municipais 2012: cidadania para a democracia", em que se insiste que as eleições municipais são uma grande oportunidade dos cristãos atuarem com dignidade.

“Porque estão (os cristãos) mais próximos dos candidatos, então têm mais possibilidades de fazer chegar as suas opções, a defesa dos seus projetos, tendo consciência, do que nos dizia Paulo VI, de que a política é uma forma sublime de exercício da caridade”.

política x Política

Ainda falando sobre a importância dos cristãos se interessarem por assunto políticos, padre José Ernanne destacou uma distinção feita no "Documento de Puebla" (fruto da 3ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe - CELAM - em 1979) , uma observação importante que poderia passar despercebida.

“O documento de Puebla nos traz uma distinção importante: Política, com “p” maiúsculo, e política, com “p” minúsculo. Não quer dizer que uma é melhor do que a outra, mas se complementam. Política, com “p” maiúsculo, é a perspectiva do bem comum, da sociedade digna para a pessoa humana. A política, com “p” minúsculo seriam os partidos políticos. A posição nossa enquanto cristãos é na perspectiva do bem comum, de trazer valores para a sociedade”.

E para exercer esse papel de atuar buscando o bem comum, o padre revelou que a cartilha elaborada pelo CEFEP para as eleições segue o método “ver, julgar e agir” e no “agir”, foram elencados alguns critérios básicos.

“Quando se apresenta esse critério do ‘agir’, naturalmente é para fazer brotar todas as questões fundamentais. Essa cartilha que nós estamos divulgando tem feito muito bem, porque realmente parte da necessidade de criarmos um Estado mais digno para os brasileiros, depois fundamenta isso na Palavra de Deus e apresenta a proposta do agir”

Política e Doutrina Social da Igreja


Padre Ernanne destacou que os valores pertencentes ao Reino de Deus, como a verdade, a justiça, o bem comum e a fraternidade, devem ser buscados. Ele informou que o documento de preparação para o Sínodo traz uma frase que lhe chamou a atenção, dizendo que não é possível distinguir entre o espiritual, o temporal e o material porque Cristo veio salvar o mundo todo, Cristo é a unidade, Ele nos ama na unidade.

“Então me parece que a questão da Doutrina Social da Igreja são luzes, é essencial na missão, instrumento missionário para realmente construir essa nova sociedade e essa nova pessoa humana com que todos nós sonhamos para que concretizemos a aliança de Deus com a humanidade que é chamada ‘as bem aventuranças’”.


Leia mais
.: Dom Odilo emite nota orientando para voto consciente
.: Arquidiocese do Rio lança tópicos de reflexão para eleições.: Bispos do Tocantins divulgam nota sobre eleições municipais

Comentários