CONCÍLIO VATICANO II: 50 ANOS

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Notícias do Sínodo dos Bispos 05 - Pe. Lima


Há 50 anos inaugurava-se o Concílio Vaticano II. Todos participantes do Sínodo fomos para a soleníssima Missa presidida por Bento XVI em ação de graças por esse magno acontecimento. A ele se uniu também a celebração dos 20 anos do Catecismo da Igreja Católica e, sobretudo, a abertura do Ano da Fé. A grandeza, beleza e solenidade da liturgia este à altura desses acontecimentos.
Mais uma vez essas grande cerimônias foram realizadas na Praça São Pedro, debaixo de um sol escaldante e na presença de uma multidão de fieis (maioria religiosos) que acompanhou piedosamente. Como na celebração de abertura, destacavam-se os bispos e padres dos ritos católicos orientais com suas vestes esplendentes, o coral da capela sistina (foi cantada a Missa de Angelis e muita polifonia). Além dos 250 bispos que participam do Sínodo, concelebravam também os presidentes das conferências episcopais dos vários países. Estiveram presentes, mas não concelebrando, pois não são católicos, Sua Santidade Bartolomeu I, Patriarca de Constantinopla, Ortodoxo, e Sua Graça Rowan D. Williams, Arcebispo de Cantuária, Anglicano, que ontem discursou na Aula Sinodal. Também estavam alguns dos 38 bispos ainda vivos, que participaram do Vaticano II, inclusive o Papa.
Deu-se grande destaque ao livro da Palavra de Deus, que estava ao lado e na frente do altar, num riquíssimo ambão, que tinha sobre si o mesmo Evangeliário usado há 50 anos atrás. Bento XVI começou sua homilia dizendo: "hoje, com grande alegria, 50 anos depois da abertura do Concílio Vaticano II, damos início ao Ano da fé". E continuou: "O Concílio Vaticano II não quis colocar a fé como tema de um documento específico. No entanto, o Concílio esteve inteiramente animado pela consciência e pelo desejo de ter que, por assim dizer, imergir mais uma vez no mistério cristão, para poder propô-lo novamente e eficazmente para o homem contemporâneo". Evocou em seguida a figura do Bem-Aventurado João XXIII, suas intuições ao convocar o Concílio e suas finalidades. Referiu-se ao "avanço de uma desertificação espiritual desses últimos decênios". Mas é precisamente a partir dessa experiência de deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer e sua importância para nós.
Após a oração final, o Papa foi saudado pelo Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, que se referiu aos esforços feitos em vista do ecumenismo a partir do Vaticano II aos nossos dias. Também houve leitura de trechos da Mensagem do Concílio ao Povo de Deus: governantes, pensadores e cientistas, artistas, mulheres, trabalhadores, pobres, doentes, todos que sofrem e jovens. Representantes dessas várias categorias subiam até o Papa e recebiam o texto integral da Mensagem, distribuída também a alguns da assembleia.
À tarde deste dia, cinquentenário do Concílio, houve a 6a. Congregação Geral do Sínodo, começando pela eleição do grupo que irá redigir a Mensagem Final do Sínodo. A eleição foi por continentes. Em seguida, ouvimos mais 15 discursos, de 5 minutos cada, de oradores inscritos; seguiram-se debate livre e restrito a intervenções de 4 minutos. Várias experiências de nova evangelização foram apresentadas, assim como sugestões, como, por exemplo, evangelizar o Direito Civil (supõe-se que o Direito Canônico esteja evangelizado, brincou o orador), uma vez que a base do Direito hoje não é a pessoa humana, mas interpretações subjetivas e ideológicas, como é o caso do matrimônio gay.
O dia terminou com uma fiacolata, isto é, uma procissão de velas acessas, na Praça de São Pedro, recordando aquela que há 50 anos foi feita no mesmo lugar, em vista do início do Vaticano II. Ao final, como há 50 anos, também Bento XVI apareceu na janela de seu apartamento, saudou a multidão que o aclamava aos gritos, com é próprio dessas ocasiões. Fez pequeno discurso evocando esses acontecimentos e a figura de João XXIII. Disse que estava nessa praça naquele dia. Falou que o Concílio foi um grande dom de Deus, um novo Pentecostes. Hoje, como há 50 anos, ele suscitou uma imensa alegria. Hoje, porém, tal alegria é mais modesta, mais humilde... porque o pecado original existe e arma ciladas continuamente à Igreja (falou dos escândalos, divisões, abandono da fé de muitos...), mas também o Concílio renovou a Igreja, particularmente na Liturgia, no esforço Ecumênico, noaggiornamento como dizia João XXIII. Terminou com a bênção e despedida.
Foi um dia de grandes celebrações e carregado de emoções. Recordei-me também que, nesse dia, em 1962, eu era estudante de filosofia em Lorena, e nos reunimos uns 200 seminaristas no Santuário de Aparecida, num Encontro de Seminaristas do Vale (ESVA), para celebrar a abertura do Concílio. O clima era de extremo otimismo e de grande esperança no futuro. Passaram-se 50 anos e hoje, só posso agradecer a Deus, que me deu a graça de viver não só o Concílio Vaticano II durante a segunda fase de minha formação, mas sobretudo o Pós-Concílio que gerou grandes renovações, mas ao mesmo tempo crises impressionantes que, nem sempre bem resolvidas, deixaram rastros negativos.
Tal esperança agora renasce e se fortifica, celebrando aqui em Roma esse cinquentenário e ao mesmo tempo participando do Sínodo sobre a Nova Evangelização. E como toda minha vida foi e ainda está sendo dedicada à catequese, ao lado dessas comemorações tão importantes, tenho a graça de celebrar também os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica, um dos grandes frutos do Vaticano II.
Roma, 11 de Outubro de 2012.
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb.

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