O Papa erra? Bispo explica dogma da infalibilidade papal


Da Redação CN, com Portal Ecclesia

Cláudio Geraldo / Portal Ecclesia
Bispo diocesano de Caratinga (MG), Dom Emanuel Messias de Oliveira
O Papa pode errar como todo mundo, mas não quando fala "ex cathedra". A afirmação foi do bispo diocesano de Caratinga (MG), Dom Emanuel Messias de Oliveira, em entrevista ao Portal Ecclesia.

Segundo o bispo, quando se afirma que o Papa não erra quando delibera e define solenemente algo em matéria de fé ou moral, "é aqui que afirmamos o dogma da infalibilidade em matéria de fé e costumes. Dogma é uma verdade que a Igreja apresenta como algo que se deve crer".

"Infalibilidade é o poder que o Papa tem de proclamar solenemente, verdades de fé e moral, em nome da Igreja. O Papa não inventa um dogma, ele declara solenemente como verdade de fé aquilo que a Igreja (hierarquia e povo de Deus) já acredita, mas não tinha sido ainda necessário definir", explica o bispo de Caratinga.

Ao recordar o Ano da Fé, a celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II e dos 20 anos do Catecismo da Igreja Católica, Dom Emanuel Messias lembra que o documento do Concílio, a Constituição Dogmática Lumen Gentium (Luz dos Povos), esclarece de forma concisa o conceito da infalibilidade (cf. LG 12,25). Significado também explicado, de forma resumida, no Compêndio do Catecismo da Igreja Católica:

"A infalibilidade se exerce quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de supremo Pastor da Igreja, ou o Colégio Episcopal em comunhão com o Papa, sobretudo reunido num Concílio Ecumênico, proclamam com ato definitivo uma doutrina referente à fé ou à moral, e também quando o Papa e os bispos, em seu Magistério ordinário concordam em propor uma doutrina como definida. A esses ensinamentos todo fiel deve aderir com o obséquio da fé" (cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, nº. 185).

Dom Emanuel ressalta a importância de entender que "os dogmas de fé são afirmações da Igreja declaradas pelo Papa, como desdobramentos da Revelação Divina, ou seja, dos textos da Sagrada Escritura". E cita outro trecho da "Lumen Gentium" que diz: "a infalibilidade, de que o Divino Redentor dotou a sua Igreja, quando define a doutrina de fé e costumes, abrange o depósito da revelação que deve ser guardado com zelo e exposto com fidelidade. O Romano Pontífice, cabeça do colégio episcopal, goza desta infalibilidade em virtude do seu ofício, quando define uma doutrina de fé ou de costumes, como supremo Pastor e Doutor de todos os cristãos, confirmando na fé os seus irmãos" (cf. LG 22,32).

Para uma maior reflexão sobre o tema, o bispo sugere alguns textos, que segundo ele, podem ajudar na compreensão da atitude da Igreja. O trecho do Evangelho de Mateus: "Por isso eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt 16,18). Ainda no livro do evangelista: "Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na aterra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu" (Mt 18,18). E finalmente o trecho: "Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos" (Mt 28,20).


Dom Emanuel Messias de Oliveira estudou teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, entre os anos de 1969 a 1972. E entre 1972 e 1975 especializou-se em Sagradas Escrituras no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e realizou mestrado em Exegese Bíblica e línguas orientais no mesmo instituto.

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