A Despedida - Homilia do dia 26-27/05/13


Na Liturgia desses domingos de Páscoa,
podemos perceber a preocupação de Cristo
em formar a sua Igreja, que continuará
a obra de salvação iniciada por ele:
- As aparições no Cenáculo e na pesca milagrosa...
- A imagem do Rebanho, do qual Cristo é o Bom Pastor...

Hoje nos fala do espírito que deve animar a nova Comunidade:
O AMOR MÚTUO.

A 1a Leitura mostra o final da 1a viagem missionária de Paulo e Barnabé,
na qual fundaram e organizaram novas comunidades cristãs. (At 14,21b-27)

Nela podemos notar três elementos:

- O Anúncio da Palavra até os confins da terra:
  anunciar o seu amor e o seu desejo de salvação para toda a humanidade.
- Os Conflitos são superados:
  Os sofrimentos são indispensáveis para entrar no Reino,
  mas confirmam a autenticidade da mensagem e
  possibilitam sentir a presença de Deus na caminhada da comunidade.
- A Organização das Comunidades:
  Paulo cria uma Instituição de Dirigentes ("Presbíteros"),
  que aparecem aqui pela primeira vez fora da Igreja de Jerusalém.
  É um ministério para administrar, vigiar e defender a comunidade.
  A Comunidade não existe para servir quem preside;
  quem preside é que existe em função da comunidade e do serviço comunitário...
  Paulo escolhe diretamente, após uma preparação de oração e jejum...

O Salmo é um canto de louvor a Deus
pois é "bom e compassivo com todas as criaturas". (Sl 145)

A 2ª Leitura mostra o rosto final dessa Comunidade
de chamados a viver no amor. (Ap 21.1-5a)

O autor sonha com um novo céu e uma nova terra.
Deus veio morar conosco.
Cabe à Comunidade cristã transformar a Babilônia em que vivemos
em nova Jerusalém. A Comunidade cristã deve ser um anúncio
dessa comunidade escatológica, dessa "noiva" bela,
que caminha com amor ao encontro do Amado (Deus).

No Evangelho, Jesus, ao se despedir dos discípulos,
deixa em testamento à comunidade o "MANDAMENTO NOVO:
"Amai-vos uns aos outros, COMO eu vos amei". (Jo 13,31-33a.34-35)
Essas palavras soam como um testamento final de uma vida feita amor e partilha.
O Mandamento do amor deve ser o Estatuto da Comunidade cristã.

+ O AMOR MÚTUO:

   - É SINAL da presença de Jesus na comunidade cristã.
     Jesus continua sua presença e sua ação no amor mútuo dos discípulos.

   - É o DISTINTIVO do verdadeiro cristão:
     "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos,
      se tiverdes amor uns para com os outros".

  - É um MANDAMENTO NOVO:
     MANDAMENTO: não é apenas um conselho... convite...
     NOVO: Onde está a novidade? "Amar o próximo como a si mesmo"
     já existia no Antigo Testamento (Lev 19,18).
     - A novidade está na medida desse amor: "Como EU vos tenho amado..."

O amor de que Jesus fala é o amor que acolhe,
que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade do outro,
que não discrimina nem marginaliza,
que se faz dom total (até à morte)
para que o outro tenha mais vida.
- É este o amor que vivemos e que partilhamos?

Neste ponto, a comunidade cristã se apresenta hoje
como um alternativa à visão de sociedade,
que continua baseada na competição, no poder do dinheiro,
mesmo à custa das lágrimas dos pobres,
das angústias e do sangue dos humildes.
Ela deve testemunhar com gestos concretos o amor de Deus;
deve demonstrar que a utopia é possível
e que os homens podem ser irmãos.
- É esse o nosso testemunho de comunidade cristã ou religiosa?

+ O Distintivo da Nova Comunidade:
Os discípulos de Jesus não são os depositários de uma doutrina,
ou de uma ideologia, ou os observadores de leis,
ou os fiéis cumpridores de ritos:
Mas são aqueles que, pelo amor mútuo,
vão ser um sinal vivo do Deus que ama.

A proposta cristã resume-se no amor.
O amor é o distintivo, que nos identifica;
quem não vive o amor, não integra a comunidade de Jesus. 
O amor mútuo é a síntese de toda a Lei da Nova Aliança,
é o estatuto que fundamenta a Comunidade cristã.

- A nossa religião é a religião do amor,
  ou é a religião das leis, das exigências, dos ritos externos?

- Em nossos gestos, as pessoas descobrem
  a presença do Amor de Deus no Mundo?

                              Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa -28.04.2013

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