Uma das consequências da Ideologia de Gênero é a eliminação do conceito de “pessoa”
A Agenda de Gênero, que comumente se conhece como “Ideologia de Gênero”, pode ser comparada a uma espécie de explosão ou destruição em massa. O efeito dominó é a imagem mais plástica que vem frequentemente no imaginário.
A Ideologia de Gênero teve sua origem no fim do século XIX; desde então, vem criando consequências funestas para a vida em sociedade. Citaremos três sérias consequências, que são produtos dessa agenda.
1ª consequência
A eliminação do conceito de “pessoa”. A pessoa é uma realidade primaria e original. O psicólogo Carl Rogers afirmava: “É sempre altamente enriquecedor poder aceitar a outra pessoa”. A aceitação é o primeiro passo para vivermos nossa vida. Hoje, há uma constante rejeição e negação do que somos. Deus nos fez a Sua imagem e semelhança, e isso tem um valor incalculável! Não posso tornar inválido o que Deus fez em mim. Como negar minha sexualidade, como negar minha origem, como negar aquilo de mais precioso eu sou! O ser “pessoa” não é um elemento qualquer, mas a construção mais autêntica de cada ser humano. A pessoa não é uma máscara como pretendiam afirmar os gregos, ser pessoa é, nada mais nem nada menos, que a maior qualificação que o homem recebe em todos os tempos, pois do ser pessoa deriva o seu ser capaz de tornar as coisas diferentes. A proposta da Ideologia de Gênero é a exaltação do “indivíduo”, anônimo e desconhecido, onde Deus não tem lugar.
2ª consequência
Uma segunda consequência poderíamos chamá-la da suplantação da sexualidade pelo sexuado. No conceito da Ideologia de Gênero, o indivíduo tem todas as faculdades para fazer, no seu devido momento, a opção sexual. O termo “opção sexual” cada vez mais traz confusão. Para muitos, cada indivíduo deve fazer opções no momento em que mais lhe convêm. Não existe, segundo a proposta da ideologia, ninguém que possa afirmar que somos homem ou mulher desde o início da nossa vida. Os criadores dessa ideologia negam que exista uma propriedade que determine nosso gênero sexual, razão pela qual os comportamentos sexuais foram convenções criadas e idealizadas pela própria sociedade. Se nós aceitássemos essa tese, então teríamos de dizer que nenhum ser humano, até hoje, foi verdadeiramente homem ou verdadeiramente mulher, tese que carece de todo sentido.
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Em cada um de nós, Deus plasmou o seu querer criador. Ele nos fez de tal forma que não somos produto nem do determinismo muito menos do casual encontro de gametas ou materiais genéticos. Em cada um há um projeto originário e original. Fomos criados a Sua imagem e semelhança. O homem sempre será homem a mulher sempre será mulher.
3ª consequência
Uma terceira consequência, talvez a mais crítica de todas e assim também a mais sutil, é a eliminação das relações pessoais afetivas e os vínculos familiares. A Ideologia de Gênero postula que os critérios familiares são secundários, a figura do pai, da mãe e dos irmãos é completamente relativa. Uma relação familiar pode passar a ser chamada de espaço de “cuidado”, assim como também a monogamia, a fidelidade, a exclusividade e o compromisso definitivo são desnecessários. Todos somos “iguais”. Essa proposta é perceptível no momento em que vivemos junto a jovens casais, pois muitas deles desejam viver uma espécie de “experiência de convivência” para descobrir se vale ou não a pena estabelecer um vínculo conjugal definitivo. Muitos casais de namorados e noivos já levam uma vida marital como se isso fosse o mais “normal” durante o tempo no qual só se conhecem; na mentalidade proposta pela ideologia de gênero podem acontecer inúmeras situações, sem medir os resultados e sem valorar os fins que essas mesmas situações produzem.
Nós acreditamos que o amor tem nome de pessoa, exige respeito, comunhão e cria vínculos de responsabilidade, entrega e compromisso. Quem se decide a amar, segundo a proposta do Evangelho, sabe que dar a vida pelo outro exige tempo, dedicação e exclusividade, e que o amor entre os cônjuges só poderá ser vivido no amor esponsal e conjugal da vida matrimonial.
Poderíamos citar ainda muitas outras consequências, mas considero que essas três já nos levam a pensar profundamente no mal que a Ideologia de Gênero cria no sadio desenvolvimento das pessoas.
Na Jornada Mundial da Juventude 2016, em Cracóvia, Papa Francisco foi contundente ao afirmar que a Ideologia de Gênero não pode ser aceita como algo normal e necessário. Não podemos arrancar do coração da pessoa o mais genuíno que ela possui: a sua identidade e, com ela, o plano criador de Deus.
Devemos ser profetas, promotores da vida e esclarecer que a Ideologia de Gênero agride a vida em todas as suas dimensões. É necessário um diálogo, é necessário um esclarecimento, é necessária uma conversão interior. Promovamos a vida e com ela o respeito ao Criador, que nos fez a Sua imagem e semelhança.
Padre Rafael Solano
Sacerdote da arquidiocese de Londrina (PR). Mestre e doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e pós-doutorado em Teologia Moral e Familiar pelo Pontifício Instituto João Paulo II de Roma, Universidade Lateranense de Roma. Atua como consultor da CNBB setor vida e família e como professor de Teologia Moral e Bioética na PUC (PR), Campus Londrina.
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