Autor: Padre Duarte Lara
É inegável que todos nós procuramos com as nossas mais variadas escolhas a felicidade, o que já não é tão evidente, é em que consiste concretamente
esta felicidade. Afinal o que é ser feliz? É uma pergunta muito importante que cada um de nós deve fazer olhando para o crucifixo e que espera uma boa resposta. A esta pergunta estamos continuamente a
responder com as nossas ações pois agimos sempre em vista de um determinado fim que pensamos seja aquele que nos tornará mais felizes. O problema é que nos podemos enganar, ou seja, agir em vista
de um objetivo que não nos alcançará a verdadeira felicidade pela qual o nosso coração tanto anseia. Muitos homens de hoje pensam que não existe uma felicidade maior do que aquela
que consiste, em saber gozar dos pequenos prazeres que a vida oferece. Para estes o comportamento mais lógico é aquele de andar a saltitar de prazer em prazer, seja um prazer de carácter mais sensível
como comer um belo gelado (sorvete) o de carácter mais intelectual como jogar xadrez. Procuram a todo o custo evitar a dor e distribuir bem o tempo por todos os tipos de prazer que se apresentam. Mas será que ser feliz
é só isto? É curioso notar que este grupo de pessoas é o primeiro a reconhecer que não existe nenhum prazer da vida que me torne permanentemente feliz de modo total e absoluto, e que nos
temos de contentar com uma felicidade medíocre que se reduz á soma deste pequenos prazeres. O que fica por explicar, é o porquê experimentamos em nós, esta “sede” de felicidade
infinita e eterna, que não se satisfaz com os prazeres passageiros que a vida oferece. A resposta a esta questão é simples, a nossa “sede” infinita de felicidade só se sacia com um “Água
Infinita”, que é Deus. Só Ele nos pode dar a felicidade eterna e plena que desejamos, e para a qual fomos por Ele criados. Fomos criados por Deus e para a comunhão com Ele, e nesta comunhão
será satisfeito o nosso desejo de felicidade. Dada esta realidade profunda poderíamos fazer mais uma pergunta: Mas podemos aspirar a viver felizes cá na Terra o temos de esperar pelo Céu para chegar
a esta comunhão? Sim, podemos viver felizes cá na Terra, com uma felicidade muito maior e mais completa daqueles que se limitam aos prazeres da vida, ainda que, só no Céu é que seremos plenamente
saciados da nossa “sede” de felicidade. A vida feliz cá na Terra é uma antecipação da comunhão do Céu, que teremos com Deus e com todos os santos. É uma vida de
Fé de Esperança e de Caridade. É a vida do cristão que ordena e dirige todas as suas ações para esta comunhão com Deus e com o próximo criado á Sua imagem. Daqui
a razão de ser dos dois mandamentos mais importantes, amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como Jesus nos amou, estes mandamentos não são mais que a unica grande “auto- estrada”
para a verdadeira felicidade.
Então se as coisas são assim, a felicidade e santidade são a mesma coisa!? BINGO! É exatamente assim, os santos foram os homens mais felizes que habitaram o nosso planeta
e agora são ainda mais felizes no Céu. Além disso, o que seria dos cristãos se deixassem de acreditar que Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, foi o homem que mais amou e mais feliz
que jamais existiu à face da Terra. Pode-nos parecer, á primeira vista, que a dor e a cruz sejam incompatíveis com a felicidade, mas se olharmos para Jesus, percebemos que a vida feliz consiste em fazer
o bem, a Vontade do Pai, e não procurar apenas o prazer pelo prazer. Não se trata de transformar-se num masoquista e reprimir todas as formas de prazer que sentimos, mas o homem santo (feliz) pratica o bem, vive
os mandamentos, quer nas ocasiões em que as suas ações são acompanhadas de alegria quer nas altura em que fazer o bem custa e dói. Ele esforça-se por ser sempre melhor, por adquirir
todas as virtudes de Cristo, e este esforço exige sacrifício e renúncia. Ninguém nasce já santo, nascemos todos egoístas e cada um com os seus defeitos, contra os quais todos somos
chamados a lutar. É neste contexto que insere a penitência e a mortificação voluntária que a Mãe Igreja sempre recomenda ao seus filhos e nos propõe de modo especial no tempo
de Advento e Quaresma. A oração, o jejum e a esmola são os meios tradicionais, com que nós cristãos, combatemos contra o nosso egoísmo e falta de amor a Deus a aos irmãos. A
razão de ser da penitência é o crescimento na caridade, ou seja o crescimento no amor a Deus e no amor ao próximo por amor a Deus. Só amando se é feliz, seja agora, seja no Céu.
Duarte Sousa Lara
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