Homilia em libra da 12º semana do tempo comum



Irmãos e irmãos, o texto do Evangelho que acabamos de escutar é fundamental para a instituição e missão da Igreja. Jesus que escolhe os doze apóstolos, os primeiros missionários que vão levar a sua Palavra ao mundo. Antigamente não existia a palavra missionário, no entanto, existia um termo similar que é justamente a palavra apóstolo, que significa enviado. Acolher o enviado e ouvir a sua palavra é acolher a própria pessoa que o enviou, porque existe uma relação muito profunda entre o enviado e quem o envia. É por isso que Jesus no Evangelho de São Lucas diz: “Quem vos escuta, é a mim que está escutando; e quem vos despreza, é a mim que está desprezando; ora, quem me despreza, está desprezando aquele que me enviou”. Jesus diz ainda que seus enviados iriam enfrentar dificuldades: “Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos”. A ovelha é simbolo da docilidade a da doação, porque enquanto vive ela oferece leite para alimento, lã, e depois morta se torna ela mesma alimento. A resposta à fúria da perseguição é a mansidão do missionário, é a vida gasta a cada dia para que o povo tenha mais vida. Jesus diz que a perseguição pode vir de três partes: da família carnal, da família religiosa, e do poder político. Vemos não só ao longo da história, mas também nos dias de hoje, o quanto os pais estão denunciando os filhos, filhos que perseguem e matam os pais, irmãos que denunciam irmãos. A perseguição pode vir também pela esfera religiosa, representada no Evangelho pela sinagoga. E por último a perseguição vem do poder político, daqueles que governam e reinam neste mundo. Jesus diz que no poder do Espírito Santo o missionário suportará toda dificuldade, porque é o Espírito que falará pelo missionário. Este mesmo Espírito ao qual Jesus O chama de “Paráclito” que significa advogado, o defensor, e não qualquer defensor, mas o melhor defensor do missionário, porque Ele age não só no exterior, mas sobretudo a partir partir do nosso interior, do nosso pensamento, do nosso coração. Jesus faz uma recomendação: “Quando vos perseguirem numa cidade fugi para outra”. Esta fuga não é covardia, porque a perseguição provoca a expansão da Igreja. Como aconteceu na morte de Estevão narrado pelos Atos dos Apóstolos, que logo depois do martírio de Estevão houve uma grande perseguição contra a Igreja, esta perseguição dispersou os discípulos e assim a semente do Verbo foi espalhada pelo mundo a fora. Ouvimos o profeta Oséias na primeira leitura, que no tempo dele o povo estava vivendo num grande o sincretismo religioso, voltando-se para o culto dos deuses dos povos vizinhos, e para tirar o povo do seu pecado Oséias anuncia o “kerigma profético”, ou seja, Deus é o fundamento de tudo, da reta conduta humana, a origem mais profunda da ética e da moral. Vemos hoje crimes horrorosos, e isto é a falta de fundamento na vida das pessoas, uma vida sem Deus é uma vida sem fundamento, e quando isso não acontece nosso relacionamento com as coisas, consigo mesmo e com as pessoas vai mal. Falar de kerigma é anunciar que sem Cristo nós estamos perdidos, e quando este anuncio é feito com o poder do Espírito e o testemunho do missionário, então este anuncio é capaz de fazer com que as pessoas entreguem as suas vidas a Deus. A conversão é o primeiro encontro com o Cristo vivo e ressuscitado. O cristianismo como diz Bento XVI “não é uma encontro com uma ideia ou uma ética, e sim um acontecimento, um encontro com uma Pessoa, com Cristo vivo”. Hoje celebramos Santa Paulina do Coração de Jesus, que se dedicou inteiramente aos pobres, ela também enfrentou as dificuldades da perseguição, mas como ovelha soube ser dócil tornando-se perfeita discípula de Cristo Jesus, sendo canonizada por João Paulo II em 2002. Estamos aqui reunidos para recordar o 2º ano da construção desta Igreja do Pai das Misericórdias, e esperamos que daqui a dois anos estejamos aqui novamente, mas agora inaugurando esta Igreja; em primeiro lugar pela graça de Deus, e depois pela contribuição daqueles que amam esta obra que é a Canção Nova, então só vamos poder inaugurar esta igreja com a ajuda das pessoas que contribuem, porque temos a certeza que a graça de Deus não faltará.

Dom Benedito Beni dos Santos é bispo da Diocese de Lorena-SP

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